Dia da Abelha: conheça histórias de pessoas apaixonadas pelo inseto e que lutam pela preservação

  • 03/10/2024
(Foto: Reprodução)
Na Mata Atlântica, 90% das espécies vegetais são polinizadas por abelhas. G1 conversou com profissionais da área de Juiz de Fora e região, que falaram sobre o assunto; veja mais. Paulo Munck tem cerca de 30 colmeias de abelhas sem ferrão em casa Nathália Fontes/g1 "Aos 12 anos, eu via meu pai trabalhando com as abelhas, mas um dia consegui fazer a captura de uma abelha mandaçaia através de isca. Fui trabalhando com ela e fazendo a sua multiplicação. Vi que tinha habilidade e comecei a me apaixonar”, relata o marceneiro e meliponicultor Paulo César Munck, de 63 anos. “Aos 12 anos eu via meu pai trabalhando com as abelhas, mas um dia consegui fazer a captura de uma abelha mandaçaia, através de isca, e fui trabalhando com ela e fazendo a sua multiplicação. Vi que tinha habilidade e comecei a me apaixonar”, relata o marceneiro e meliponicultor Paulo César Munck, de 63 anos. Quando o pai dele morreu, Paulo, aos 14 anos, adquiriu as colmeias e continuou o trabalho de multiplicação em casa, em Juiz de Fora. Há 50 anos, ele luta pela preservação das espécies sem ferrão, além de doar colmeias e construir caixas para os insetos que serão transportados para áreas próximas à mata, ajudando na regeneração de florestas. 🔔 Receba no WhatsApp notícias da Zona da Mata e região O juiz-forano Lourenço Miranda de Mendonça, de 62 anos, por sua vez, está empenhado há um ano na organização de um meliponário para suprir as demandas do Clube UP, uma organização que apoia crianças, jovens e adultos com deficiência, localizada no Bairro São Pedro. A instalação está sendo feita na comunidade rural de São José dos Lopes, distrito de Lima Duarte, e já conta com 15 espécies de abelhas. Lourenço Miranda está empenhado há um ano na organização de um meliponário Arquivo pessoal No entanto, a paixão de Lourenço começou ainda na infância. “Na década de 60, eu brincava no quintal da minha avó, onde havia duas colmeias de Apis mellifera, que produzem mais mel e têm ferrão", disse. Em 1983, ele ingressou no curso de Agropecuária, onde aprendeu e se dedicou a esses insetos. Desde então, já auxiliou na criação de 10 meliponários, realizando parcerias e ensinando adolescentes, mulheres, idosos e dependentes químicos sobre a importância desses polinizadores. Já a professora e pesquisadora da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Ana Paula Gelli de Faria, de 45 anos, começou a se encantar pelos insetos durante o Trabalho de Conclusão de Curso, defendido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2001. No TCC, ela estudou a biologia reprodutiva de Clusia hilariana, uma espécie de planta típica das restingas fluminenses, polinizada por uma espécie de abelha solitária. Ana Paula é coordenadora do projeto Trilha do Mel Arquivo Pessoal Apaixonada pela mandaçaia (Melipona quadrifasciata), Ana Paula ajudou a desenvolver o projeto Trilha do Mel no Jardim Botânico da UFJF, que contou com a participação de Paulo na construção das caixas para esses insetos. Em março deste ano, a iniciativa foi inaugurada com um meliponário aberto ao público, que possui uma coleção viva de espécies da tribo Meliponini, conhecidas como nativas da Mata Atlântica sem ferrão, além de atividades de educação ambiental. Importância das abelhas Abelhas sem ferrão são preservadas, através da multiplicação, na residência de Paulo Nathália Fontes/g1 Na Mata Atlântica, 90% das espécies vegetais são polinizadas por abelhas. “Quando uma abelha faz a polinização cruzada de uma árvore a outra, ela torna essa planta mais resistente a intempéries, doenças e inimigos naturais, como a mosca, produzindo frutos e alimentos melhores”, explica Paulo Munck. Atualmente, existem cerca de 20 mil espécies de polinizadores descritas no mundo, sendo 3 mil encontradas no Brasil. A maior parte desses insetos pode ser criada e manejada com técnicas adequadas, tanto em áreas rurais quanto urbanas. As mais procuradas, as nativas sem ferrão, incluem mais de 300 espécies brasileiras. Esses insetos garantem a segurança alimentar, uma vez que muitas culturas economicamente importantes no Brasil dependem deles como agentes efetivos de polinização ou para o incremento na produção. Por exemplo, pesquisas revelam aumento da produção de tomate e berinjela em estufas devido à polinização. Além disso, a pesquisadora Ana Paula destaca que as nativas sem ferrão também desempenham um papel crucial na manutenção da diversidade da flora brasileira. Polinizadoras 'profissionais': entenda por que as abelhas impactam na produção agrícola e a importância de preservá-las Dia da Abelha: 80% das espécies são solitárias, fazem ninho sozinhas e não vivem em colmeias No Meliponário do Jardim Botânico, existem sete espécies de abelhas sem ferrão: jataí, uruçu-amarela, mandaçaia, iraí, mandaguari-amarela, mandaguari-preta e boca-de-sapo, além de insetos solitários. No local, são produzidos principalmente mel, cera e própolis, que são usados nas pesquisas e no consumo dos insetos. “Ter um projeto como esse no Jardim Botânico é importante para nos lembrar que se uma espécie de planta perde o seu polinizador efetivo, toda a estrutura de uma comunidade vegetal pode sofrer mudanças drásticas. E nessa rede de interações, nós, seres humanos, também sofreremos as consequências desses impactos", explicou Ana Paula. Projeto Trilha do Mel no Jardim Botânico tem sete espécies diferentes de abelhas nas colmeias Nathália Fontes/g1 Preservar as abelhas para garantir um futuro A professora Ana Paula explica que o avanço do desmatamento e o uso indiscriminado de inseticidas e pesticidas estão contribuindo para a redução das populações de muitas espécies de abelhas nativas. Isso também é uma crescente preocupação do marceneiro Paulo Munck. Pensando no avanço das áreas desmatadas em Juiz de Fora, devido à especulação imobiliária na região, o meliponicultor comprou um terreno em Torreões e tem cultivado flores lá com a ajuda da esposa. O local é propício para criação de abelhas caso seja preciso realocar o meliponário dele, que conta com cerca de 30 colmeias na residência. “Temos que passar o ensinamento para o futuro, porque as próximas gerações vão depender disso. Estamos sentindo o clima cada vez mais aquecido, as chuvas têm intensificado e causado mais danos. Essas abelhas vão impactar na conservação e manutenção das nossas matas, sendo um trabalho essencial para a vida”. Paulo finaliza dizendo que a espécie da Bugia estava em extinção há alguns anos, mas com o trabalho de multiplicação dos meliponicultores a abelha saiu da lista. Bugias estavam em risco de extinção, mas saiu da lista por causa do trabalho dos meliponicultores Reprodução/Abelhas.org *estagiária sob supervisão de Carol Delgado. 📲 Siga o g1 Zona da Mata no Instagram e Facebook VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e Campos das Vertentes .

FONTE: https://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2024/10/03/dia-da-abelha-conheca-historias-de-pessoas-apaixonadas-pelo-inseto-e-que-lutam-pela-preservacao.ghtml


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